Uma coisa chamou minha atenção durante o UFC São Paulo, no fim de semana. E não foi nenhuma finalização ou nenhum nocaute de um dos competidores desse esporte, do qual pude conhecer e aprender alguma coisinha com o Caju Freitas, colunista do jornal Zero Hora e apresentador da Atlântida, ainda lá em 2010, quando o MMA estava em franca ascensão no Brasil.
Foi durante o combate entre Damien Maia e Colby Covington. No segundo round, um pequeno insert de rodapé na tela da transmissão provocava o telespectador a saber quem seriam os vencedores do card daquela edição do UFC – sim, eu estava vendo pela Globo. Era um anúncio do Bing, mecanismo de buscas da Microsoft. Me ajeitei no sofá, peguei o celular e fiz a busca recomendada pelo anúncio. Espectador casual que sou, estava meio desconfiado que as lutas não fossem exatamente ao vivo. O resultado que apareceu na tela do celular veio acompanhado de um estalo mental com duas confirmações: a primeira é que não era ao vivo mesmo. A segunda foi de que mesmo um motor de busca, algo totalmente digital, pode utilizar a TV para fazer um bom anúncio (mesmo que dê spoiler para espectadores casuais).
• O Bing quis atingir um público conectado, uma galera que mesmo que soubesse que o evento já havia ocorrido não se importaria de ter os resultados revelados justamente pelo fato de que vitórias e derrotas já estavam na pauta do Twitter, por exemplo.
• O Bing aproveitou um evento de massa em TV aberta para dar seu recado, levando em consideração a segunda tela: quantas pessoas além de mim será que fizeram a busca? Em se tratando de TV aberta o insert do Bing foi mostrado para muita gente! Queria ver esses números, como num Google Trends, por exemplo, do pico de acesso pela busca “UFC São Paulo” naquele horário.
• Assim como na linguagem do UFC, o Bing é o contender (desafiante) do Google. E como desafiante precisa explorar cada brecha, cada oportunidade para mostrar que é um bom buscador ou ter seu nome lembrado. E foi fazer isso não no ambiente digital (o que seria muito natural), mas se aproveitou de um evento tido como ao vivo em um veículo considerado como ‘tradicional’, a TV.
Tudo bem, eu soube antecipadamente que o Damien Maia perderia para o Covington e que o Lyoto Machida seria nocauteado pelo Derek Brunson no primeiro round. Falando por mim, não senti como se tivesse recebido um spoiler, visto que no Twitter os comentários sobre os resultados já estavam rolando. No entanto o Bing me gerou uma experiência: a de utilizar o buscador da Microsoft no celular em plena noite de sábado, em segunda tela. Sabe quando eu faria isso? Nunca, provavelmente – afinal o motor de busca padrão no aparelho e no desktop é Google, claro. E imagino que por um bom tempo essa hegemonia da turma de Mountain View prossiga, embora o contender esteja agora em parceria com o maior evento de lutas do mundo.
Eventos ao vivo são o que mostram a força da TV aberta. Pare e pense: quantas vezes você ficou assistindo à atração enquanto comentava na segunda tela do seu celular com sua rede de amigos? É nessa sinergia que a TV aberta ainda respira. E com a força de um cruzado no queixo.
Juliano Schüler
Head de conteúdo e criação da Quater
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